Quem
me dera que um dia me tivesse meia, pela metade cabisbaixa de mim, quem
dera que fosse de uma borboleta, petelecava a outra, raivosa. Hoje fiz a
bobagem de virar uma meia e aí tive a vontade de derramar coisas por
aí, cada ato com sua própria condição do lugar limítrofe da
displicência-despretensão. Aparentemente não vai ser muita coisa, na
verdade mal sei até que ponto conseguirei digitar. Escrevo apenas pela
implicação na transformação do que posso vir a pensar. O que se fie, não
pode ser visto como navalha. O que é a falha? Nâo precisamos de juízes
morais. Acho que posso sim entender um momento como este enquanto
subversivo e em função de diversos ângulos, ainda digo. Não me faço de
coitado, mas sou sim fora da cultura. Preciso entrar nela pra estudá-la,
descrevê-la, criticá-la. Falar isso não é sintoma de estar dentro dela,
tá mais pra autismo móvel.
Bate um sufoco. Preciso respirar. O pé começa a suar. O sapato esgoela. Shoenberg. Ar. Preciso de ar. Meu cheiro tem medo de como está, de como pode vir a estar. Ainda não considero chulé, porque chulé só depois de algumas horas no pé. Sei que não vou dormir logo, pois ontem andei além da conta, então ele há de aparecer em algum momento. Na espera. Na espera? Que isso? Não bastasse ser uma meia escritora, ainda consegue deixar o ar à espera e pontua o trincar de uma espera futuro para poder ter uma licensa de martírio, do podre. É, sou uma meia safada, convenho. À espera de qualquer momento em que eu possa me martirizar, me colocar como vítima, à espreita da morte, me viciando no ato de sucção das gotas de suor de pés de outros seres que se julgam tão mais seres do que eu, que tenho nome, tipo, cor, desenho, função e até já matei, viu? Matei de matar, não. De cortar nó, teia. Esquecendo dos autos do processo antropofágico, lembro de meu pai. O quanto era irresponsável comigo e meu par, quando crianças, ainda na indústria. Sim, meu pai é usuário de drogas. Sempre que preferia jogar vôlei com seus amigos, por exemplo, nos deixava à qualquer rumo jogar bola, sair de seu campo de visão, inebriado. Meia rasga, caro!
Acho que desabafar sobre o pai já foi o suficiente pra ganhar um ar. Já me persigo demais, não preciso (não de um, mas do) discurso do pai projetando em mim suas insatisfações consigo e forçando uma movimentação minha de compensação de seus erros. Xô força estranguladora, saia de mim, entra Franco Campanino. Preciso de passarinho, não de jacaré. Já basta minha existência de meia, de metade, de meio do caminho. De se deparar com encruzilhadas adversas e soltar esguichos chulezentos não por uma premência, mas pela existência das adversidades. Já canso-me de minha incompletude, aparentemente finita. Mas como separar o incompleto do completo? Será que no meio do processo não rola uma (des)identificação de objetos? E até mesmo, como definir a distinção da finitude e da infinitude? Nessa vibe, se a barriga da finitude for grande, pra quem sobra o golpe na barata tonta? Pro pé... Portanto, sem brechas pra barata tonta. Basta admitir a barata sem estranhamento nem asco, enquanto pequena com chances de despertar furiosa. Não sei se deu pra entender. A barata tá dentro de mim. Rola disso, sim. Ela corre rápido, vai do calcanhar ao dedão rapidamente. Mas não foge. Não sai de mim. Não consigo me endireitar numa linha riscada no chão, pois sigo o contorno do pé, os pés não são achatados, não tem sempre a mesma saúde. Sei que minha função é da mais indigna ao recolher o resto do corpo o qual o pé pertence, é que somos dependentes. Preciso do pé, mas o pé não é meu. Posso vestir vários pés, a escolha não é apenas entre o esquerdo e o direito. Posso ter várias funcionalidades. Posso servir contra o frio, como proteção, como descarte, como toalha, pra enxugar o nariz, pra cobrir o pau, pra brincar de fantoche e até pra práticas animalescas... Que foi, não consegue visualizar nada disso? Vá de grão em grão, encare a meia, a metade do todo, como parte de si. É mais fácil de chegar a um fim (existem o fim?) pelas beiradas, sem vontade de puxar tudo pelo canudo, porque se não o cérebro dói.
Bate um sufoco. Preciso respirar. O pé começa a suar. O sapato esgoela. Shoenberg. Ar. Preciso de ar. Meu cheiro tem medo de como está, de como pode vir a estar. Ainda não considero chulé, porque chulé só depois de algumas horas no pé. Sei que não vou dormir logo, pois ontem andei além da conta, então ele há de aparecer em algum momento. Na espera. Na espera? Que isso? Não bastasse ser uma meia escritora, ainda consegue deixar o ar à espera e pontua o trincar de uma espera futuro para poder ter uma licensa de martírio, do podre. É, sou uma meia safada, convenho. À espera de qualquer momento em que eu possa me martirizar, me colocar como vítima, à espreita da morte, me viciando no ato de sucção das gotas de suor de pés de outros seres que se julgam tão mais seres do que eu, que tenho nome, tipo, cor, desenho, função e até já matei, viu? Matei de matar, não. De cortar nó, teia. Esquecendo dos autos do processo antropofágico, lembro de meu pai. O quanto era irresponsável comigo e meu par, quando crianças, ainda na indústria. Sim, meu pai é usuário de drogas. Sempre que preferia jogar vôlei com seus amigos, por exemplo, nos deixava à qualquer rumo jogar bola, sair de seu campo de visão, inebriado. Meia rasga, caro!
Acho que desabafar sobre o pai já foi o suficiente pra ganhar um ar. Já me persigo demais, não preciso (não de um, mas do) discurso do pai projetando em mim suas insatisfações consigo e forçando uma movimentação minha de compensação de seus erros. Xô força estranguladora, saia de mim, entra Franco Campanino. Preciso de passarinho, não de jacaré. Já basta minha existência de meia, de metade, de meio do caminho. De se deparar com encruzilhadas adversas e soltar esguichos chulezentos não por uma premência, mas pela existência das adversidades. Já canso-me de minha incompletude, aparentemente finita. Mas como separar o incompleto do completo? Será que no meio do processo não rola uma (des)identificação de objetos? E até mesmo, como definir a distinção da finitude e da infinitude? Nessa vibe, se a barriga da finitude for grande, pra quem sobra o golpe na barata tonta? Pro pé... Portanto, sem brechas pra barata tonta. Basta admitir a barata sem estranhamento nem asco, enquanto pequena com chances de despertar furiosa. Não sei se deu pra entender. A barata tá dentro de mim. Rola disso, sim. Ela corre rápido, vai do calcanhar ao dedão rapidamente. Mas não foge. Não sai de mim. Não consigo me endireitar numa linha riscada no chão, pois sigo o contorno do pé, os pés não são achatados, não tem sempre a mesma saúde. Sei que minha função é da mais indigna ao recolher o resto do corpo o qual o pé pertence, é que somos dependentes. Preciso do pé, mas o pé não é meu. Posso vestir vários pés, a escolha não é apenas entre o esquerdo e o direito. Posso ter várias funcionalidades. Posso servir contra o frio, como proteção, como descarte, como toalha, pra enxugar o nariz, pra cobrir o pau, pra brincar de fantoche e até pra práticas animalescas... Que foi, não consegue visualizar nada disso? Vá de grão em grão, encare a meia, a metade do todo, como parte de si. É mais fácil de chegar a um fim (existem o fim?) pelas beiradas, sem vontade de puxar tudo pelo canudo, porque se não o cérebro dói.